segunda-feira, dezembro 26, 2011

SOLITUDE

Solitude

E tudo, agora, exulta. A primavera e a flor...
O coração absorve funde tudo num só afago.
Ah, esse querer, porque nascestes e és amor
Fluindo em chamas como aspiração do âmago...

Quero saciar minha sede seguindo a tua estrada
Mas, diga-me: Em qual coração anda o teu coração
Ou envio o meu coração ao Santuário de Fátima
E dessa velada angústia espero a tua revelação?

No entanto, estás absorta, não ouço tua voz! Oh, flor
É que sonho encontrar-te em plena solitude, o amar...
Mar azul, desejos, toques e essa luz peregrina do amor
Que se acende num canto, qualquer canto, do meu olhar!

Em mim, tudo cintila... O amor, a paixão! E sem medos
Tombarei imerso nas íris dos teus olhos de luas acesas
E... Guardarei o meu coração por entre os teus dedos
Para que percas o medo e, cristalina, o amor te veja...

Lúcida, sem manto, perpetuando o róseo azul da paixão
Em que a minha alma ardente há de sentir-te... Embora,
Nesses versos pulse o chamamento... O meu coração
Não finge a dor, nem o sonho... A solitude sopra lá fora!

O Sibarita

sábado, dezembro 24, 2011

NATAL

Natal

Pássaros de jade sobrevoam a cidade de Belém
Reis Magos anunciam o nascimento dos azuis.
Nos alagados, Menino Jesus, corre pelas pontes
Em verdade, transmudado em pétalas de luz...

E, dentro da noite, esplende uma luz peregrina,
Nas pontes os olhares de perpétua esperança
Molduram o cenário do céu que jamais termina
E os festejos natalinos fogem, não alcançam...

Na mesa de Natal o tom mágico dos fifós acesos
Verbera no fogareiro em brasa da ceia natalina.
Gatos escalpelados... Churrasquinhos disputados
Sob a fome no finismundo dessa parcela divina...

No balança mais não caí estrelas hidráulicas
Piscam sobre caibros sustentando as pontes
Que balançam ao Deus dará da noite natalina
Em pleno frenesi das asas de todos os ventos...

Pela manhã, o sol chega e se joga das pontes
Submergindo nas poças da maré lentamente...
Valei Menino Jesus! Comida para peixe baiacu,
E nenhum presente para crianças inocentes!

Ó, crianças, correm pelos pontilhões carcomidos
Catando raios de sol e lua para clarear dia e noite
Que te virão em sudários nas dores que deságuam
Todos os desejos do natal batendo como açoites...

O Sibarita

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Espelho (Soneto)

Espelho (soneto)


(As estações semeiam sóis e girassóis, céus solitários.
No espelho: o teu reflexo, com os olhos eu te como...)

 Na exceção das entrelinhas, via de regra, desejos:
Céu enorme, lua distante, bem longe, muito longe,
Aqui e acolá aflorados, onde, o teu olhar esconde
Os detalhes, os quereres, reflexos do meu espelho...

As estrelas abertas, brisa soprando no mar em frente,
Ó noite, inocente noite! O leito: os sussurros no rogo
Flamejam na volúpia dos nossos corpos pegando fogo,
Delírios e mãos burilando, ósculos e mel docemente...

Vontade da carne sorvendo o néctar da boca navegada
A essência das essências ardentes, luxúrias decifradas,
Danação de chamas, fastígio do fecho que nos permeia...

As ânsias, sonhos, latejos e os suspiros dos néctares,
Os seios, umbigo e ancas despudorados nos entalhes,
Encaixam-se no céu das horas, o tempo que incendeia...

O Sibarita

domingo, dezembro 04, 2011

Relampejou, Oyá!

Para assistir ao vídeo pare a Rádio Humaitá ao lado.

Maria Bethânia é filha de Santo do Terreiro do Gantois.

ESTAMOS NA CAMPANHA CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA DOS NEOPENTECOSTAIS QUE PERSEGUEM O POVO DE SANTO!

Relampejou, Oyá!

Eparrêi, Eparrêi Ó Deusa dos trovões e Ventanias,
Com a tua taça de ouro e tua espada na mão, Oyá!
Estou mesmo aos teus pés e tira-me dessa agonia,
Desse tempo, traz-me a dona moça do casto olhar...

Se aqui tudo é vermelho como os teus lábios carnudos
Atiças desejos na minha cabeça, rebocado, relampejou!
Oriki de Iansã, Oyá! Assim fia, adentro no teu mundo,
Aimôpai!Quem és que não conhece as pedras do Pelô?

Ô negona dos olhos solitários em céus tão nublados
É dia de Iansã, Oyá!E no mercado de Santa Bárbara
O coro come: muito caruru, cadê you? E todo retado
Meu pensamento em ti é frenesi, tô é comeno água...

Piriguete, meu amor e minha sede, vem minha fome
Que o teu corpo envolverá todas as estrelas dos céus
Nas chamas do fogaréu que o teu amor é tome e tome,
Oie!Divina a vaidade da tua carne nua é glória ao léu...

Iansã quero essa mainha e com ela a vida pegar fogo
Cavalgando sensualidade dos céus sem tempestades
Saravá! Rolaram os búzios, Oyá disse teu nome no jogo
E que no auê da delicia, adentrarei na tua intimidade...

Axé! Vou todinho, secura e fervor, angústia barroca
Descampada no carregar do teu andor na inocência
Se mandar me chamar, estou aqui, o que é que há?
Ômãe! Naquela gota do teu olhar deságua ausência...

Oyá, Oyá, olha ê!
Olha a Matamba de karoká zingue
Oyá, Oyá, Olha ê!
Olha a Matamba de Kakoká zingue ô

Zé Corró

Baianês

Rebocado – Faça fé.
Fia – Menina, moça, amor.
Aimôpai – Rogando a Deus, Ó meu Deus.
Negona - Carinhosamente chamando uma mulher retada,
O coro come – Muita gente na festa.
Tô é comeno água –Estou é bebendo muito. (bebida alcóolica)
Piriguete – Mulher gostosa.
Tome e tome – Muito sexo.
Glória ao léu – Sexo, Gozos ao ar livre.
Mainha – Sensualmente chamando uma mulher com carinho.
Auê da delícia – Fazer sexo gostoso.
Adentrar na intimidade – Penetrar no sexo da mulher.
Vou todinho – Entrar todo.
Ômãe! – Hummm, venha.

quinta-feira, novembro 24, 2011

VESTÍGIOS

Vestígios...

Ai Deus! Como um rio, água humilde eu sou.
Correi doçuras e desejos. É ela, assim, lasciva.
Fia, nos teus vestígios dize-me: para onde vou?
E no meu olhar: tu ali viva, passou, tão viva...

Agora, eu digo: o teu corpo é pássaro e fruto,
Portanto, um anjo afetuoso e cândido suspira
Noites e dias. O coração pede o salvo-conduto
Onde o arcano almeja/flameja a sagrada pira...

O que dizes amor?
Esse poema
Por que será que ele nasceu?

-Vestígios e desejos.
Águas marinhas.

Veio dos vestígios ou do sal?
Esses dois que moram no fundo e no fim.

-De quem falas meu bem,
Do mar ou de mim?

De ti! Foram os teus passos trazendo fogo no olhar
Que cravaram a lança da paixão e o tempo sonhou,
No coração: luas, chagas do sol, turbilhões do mar
Ou o amor não é amor ou ninguém nunca te amou...

Há fogo, há sóis intactos
E algo cintilante, solto
Que foge no vestígio casto
Onde, um vento revolto
Apaga os rastros...

O Sibarita

domingo, novembro 20, 2011

A REVOLTA DOS BÚZIOS (ALFAIATES) OU CONJURAÇÃO BAIANA de 1798

A REVOLTA DOS BÚZIOS (ALFAIATES) OU CONJURAÇÃO BAIANA de 1798

Caros leitores, a Bahia sempre esteve à frente de várias revoltas para Independência do Brasil e libertação dos negros. Neste 20 de novembro quando se comemora o dia da Consciência Negra, nada mais justo, do que reverenciarmos os mártires da Revolta dos Búzios ou Conjuração Baiana ocorrida em Salvador no dia 12 de agosto de 1798.

NR – É interessante que se leia o texto todo para que se saiba o desenrolar da revolta que infelizmente não é citada nas escolas fora da Bahia.

Manifesto da Conjuração Baiana (Reproduzido como no original de 1798)

Poderozo e Magnifico Povo Bahinense Republicano desta cidade da Bahia republicana considerando nos muitos e repetidos latrocínios feitos com os titulos de imposturas, tributos e direitos que são celebrados por ordem da Rainha de Lisboa, e no que respeita a inutilidade da escravidão do mesmo povo tão sagrado e Digno de ser livre, com respeito a liberdade e a igualdade ordena manda e quer que para o futuro seja feita nesta Cidade e seu termo a sua revolução para que seja exterminado para sempre o pecimo jugo ruinavel da Europa; segundo os juramentos celebrados por trezentos noventa e dous Dignissimos Deputados Reprezentantes da Nação em consulta individual de duzentos oitenta e quatro Entes que adoptão a total Liberdade Nacional; contida no geral receptaculo de seiscentos setenta e seis homens segundo o prelo acima referido. Portanto fas saber e da ao prelo que se axão as medidas tomadas para o socorro Estrangeiro, e progresso do Comercio de Açucar, Tabaco e pau brazil e todos os mais gêneros de negocio e mais viveres; com tanto que aqui virão todos os Estrangeiros tendo porto aberto, mormente a Nação Franceza, outro sim manda o Povo que seja punido com pena vil para sempre todo aquele Padre regular e não regular que no pulpito, confecionario, exortação, conversação, por qualquer forma, modo e maneira persuadir aos ignorantes, fanaticos e ipocritas; dizendo que he inutil a liberdade Popular; também será castigado todo aquele homem que cair na culpa dita não havendo isenção de qualidade para o castigo. Quer o Povo que todos os Membros militares de Linha, milicias e ordenanças; homens brancos, pardos e pretos, concorrão para a Liberdade Popular; manda o Povo que cada hum soldado perceba de soldo dous tustõens cada dia, além das suas vantagens que serão relevantes. Os oficiais terãoaumento de posto e soldo, segundo as Dietas: cada hum indagará quaes sejão os tiranos opostos a liberdade o estado livro do Povo para ser notado. Cada hum deputado exercerá os actos da igreja para notar qualquer seja o sacerdote contrario a liberdade. O Povo será livre do dispotismo do rei tirano, ficando cada hum sujeito as Leis do novo Codigo e reforma de formulário: será maldito da sociedade Nacional todo aquele ou aquela que for inconfidente a Liberdade coherente ao homem e mais agravante será a culpa havendo dolo ecleziastico; assim seja entendido alias....

NR. A reprodução deste documento é autorizada por lei federal.

Ao contrário da Inconfidência Mineira, a Revolta dos Búzios tinha como finalidade acabar com a escravidão e livrar o Brasil do julgo português. Os principais lideres foram enforcados em praça pública, esquartejados e partes dos seus corpos expostos em várias ruas de Salvador.
Os mártires: Luís Gonzaga das Virgens Veiga, João de Deus do Nascimento, Manuel Faustino dos Santos Lira e Lucas Dantas de Amorim Torres, por lei federal são considerados Heróis da Pátria.

Através de um Projeto de Lei (PL) do deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), os nomes dos principais líderes do movimento conhecido como Conjuração Baiana estarão inscritos no Livro dos Heróis da Pátria, publicação oficial que registra os grandes mártires do povo brasileiro e fica depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília. Os novos integrantes que participaram do levante também conhecido como Revolta dos Alfaiates, ou Revolta dos Búzios, são João de Deus, Lucas Dantas, Manuel Faustino e Luis das Virgens. “A luta dos que sonhavam com uma república de igualdade e com o fim da escravidão, no século 18, em Salvador, inspirados pela Revolução Francesa, recebe, com esta sanção da presidenta Dilma, uma demonstração de reconhecimento da sua importância para a nação. Esta Lei é mais uma vitória para o povo negro”, afirmou o parlamentar natural de Maragojipe. Luiz Alberto também explica que o PL foi sugestão do Grupo Cultural Olodum.

Luís Gonzaga das Virgens Veiga
Nasceu na cidade de Salvador, 1762, filho do alfaiate Joaquim da Costa Rubim e de Rita Gomes da Veiga, residia no Terreiro de Jesus. Solteiro, livre soldado do 2º Regimento de Linha e Soldado granadeiro do 1º Regimento de Linha, foi preso em 24 de agosto de 1798, julgado pelo Tribunal da Relação em 05 de novembro de 1799. Foi enforcado e esquartejado na Praça da Piedade em 08 de novembro de 1799, aos 36 anos.


João de Deus do Nascimento
Nasceu na Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, em 1771. Filho de José de Araújo e Francisca Maia, casado, era mestre alfaiate e cabo da esquadra do 2º regimento de milícia. Preso em 16 de setembro de 1798. Julgado pelo Tribunal da Relação em 05 de novembro de 1799. Foi enforcado e esquartejado na Praça da Piedade em 08 de novembro de 1799, aos 27 anos.

Manuel Faustino dos Santos Lira
Nasceu na divisa de Vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro, em 1775, filho de Raimundo Ferreira e Felizarda - escrava do Padre Antônio Francisco de Pinto. Solteiro, escravo, alfaiate e marceneiro, foi preso em 16 de setembro de 1798. Julgado pelo Tribunal da Relação em 05 de novembro de 1799. Foi enforcado e esquartejado na Praça da Piedade em 08 de novembro de 1799, aos 22 anos.

Lucas Dantas de Amorim Torres
Nasceu na cidade do Salvador em 1774. Filho de Domingos da Costa e Vicência Maria, residente no Largo do Cruzeiro de São Francisco. Solteiro, escravo liberto, marceneiro e soldado do Regimento de Artilharia, foi preso em 09 de setembro de 1798, julgado pelo Tribunal da Relação em 05 de novembro de 1799. Foi enforcado e esquartejado na Praça da Piedade em 08 de novembro de 1799, aos 24 anos.

Fonte: Secretaria Municipal de Comunicação Social de Salvador

E o que foi a Revolta dos Búzios ou Conjuração Baiana?

INTRODUÇÃO
Em agosto de 1798 começam a aparecer nas portas de igrejas e casas da Bahia, panfletos que pregavam um levante geral e a instalação de um governo democrático, livre e independente do poder metropolitano. Os mesmos ideais de república, liberdade e igualdade que estiveram presentes na Inconfidência Mineira, agitavam agora a Bahia.

As inflamadas discussões na "Academia dos Renascidos" resultarão na Conjuração Baiana em 1789. Esse movimento, também chamado de Revolta dos Alfaiates foi uma conspiração de caráter emancipacionista, articulada por pequenos comerciantes e artesãos, destacando-se os alfaiates, além de soldados, religiosos, intelectuais, e setores populares.

Se a singularidade da Inconfidência de Tiradentes está em seu sentido pioneiro, já que apesar de todos seus limites, foi o primeiro movimento social de caráter republicano em nossa história, a Conjuração Baiana, mais ampla em sua composição social, apresenta o componente popular que irá direciona-la para uma proposta também mais ampla, incluindo a abolição da escravatura. Eis aí a singularidade da Conjuração Baiana, que também é pioneira, por apresentar pela primeira vez em nossa história elementos das camadas populares articulados para conquista de uma república abolicionista.

ANTECEDENTES
A segunda metade do século XVIII é marcada por profundas transformações na história, que assinalam a crise do Antigo Regime europeu e de seu desdobramento na América, o Antigo Sistema Colonial.

No Brasil, os princípios iluministas e a independência dos Estados Unidos, já tinham influenciado a Inconfidência Mineira em 1789. Os ideais de liberdade e igualdade se contrastavam com a precária condição de vida do povo, sendo que, a elevada carga tributária e a escassez de alimentos, tornavam ainda mais grave o quadro sócio-econômico do Brasil. Este contexto será responsável por uma série de motins e ações extremadas dos setores mais pobres da população baiana, que em 1797 promoveu vários saques em estabelecimentos comerciais portugueses de Salvador.

Nessa conjuntura de crise, foi fundada em Salvador a "Academia dos Renascidos", uma associação literária que discutia os ideais do iluminismo e os problemas sociais que afetavam a população. Essa associação tinha sido criada pela loja maçônica "Cavaleiros da Luz", da qual participavam nomes ilustres da região, como o doutor Cipriano Barata e o professor Francisco Muniz Barreto, entre outros.

A conspiração para o movimento, surgiu com as discussões promovidas pela Academia dos Renascidos e contou com a participação de pequenos comerciantes, soldados, artesãos, alfaiates, negros libertos e mulatos, caracterizando-se assim, como um dos primeiros movimentos populares da História do Brasil.

A participação popular e o objetivo de emancipar a colônia e abolir a escravidão marcam uma diferença qualitativa desse movimento em relação à Inconfidência Mineira, que marcada por uma composição social mais elitista, não se posicionou formalmente em relação ao escravismo.


A CONJURAÇÃO
Entre as lideranças do movimento, destacaram-se os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira (este com apenas 18 anos de idade), além dos soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, todos mulatos. Um outro destaque desse movimento foi a participação de mulheres negras, como as forras Ana Romana e Domingas Maria do Nascimento.
As ruas de Salvador foram tomadas pelos revolucionários Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas que iniciaram a panfletagem como forma de obter mais apoio popular e incitar à rebelião. Os panfletos difundiam pequenos textos e palavras de ordem, com base naquilo que as autoridades coloniais chamavam de "abomináveis princípios franceses".

A Revolta dos Alfaiates foi fortemente influenciada pela fase popular da Revolução Francesa, quando os jacobinos liderados por Robespierre conseguiram, apesar da ditadura política, importantes avanços sociais em benefício das camadas populares, como o sufrágio universal, ensino gratuito e abolição da escravidão nas colônias francesas. Essas conquistas, principalmente essa última influenciaram outros movimentos de independência na América Latina, destacando-se a luta por uma República abolicionista no Haiti e em São Domingos, acompanhada de liberdade no comércio, do fim dos privilégios políticos e sociais, da punição aos membros do clero contrários à liberdade e do aumento do soldo dos militares.

A violenta repressão metropolitana conseguiu deter o movimento, que apenas iniciava-se, detendo e torturando os primeiros suspeitos. Governava a Bahia nessa época (1788-1801) D. Fernando José de Portugal e Castro, que encarregou o coronel Alexandre Teotônio de Souza de surpreender os revoltosos. Com as delações, os principais líderes foram presos e o movimento, que não chegou a se concretizar, foi totalmente desarticulado.
Após o processo de julgamento, os mais pobres como Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento e os mulatos Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas foram condenados à morte por enforcamento, sendo executados no Largo da Piedade a 8 de novembro de 1799. Outros, como Cipriano Barata, o tenente Hernógenes d’Aguilar e o professor Francisco Moniz foram absolvidos. Os pobres Inácio da Silva Pimentel, Romão Pinheiro, José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de França Pires, foram acusados de envolvimento "grave", recebendo pena de prisão perpétua ou degredo na África.

Já os elementos pertencentes à loja maçônica "Cavaleiros da Luz" foram absolvidos deixando clara que a pena pela condenação, correspondia à condição sócio-econômica e à origem racial dos condenados. A extrema dureza na condenação aos mais pobres, que eram negros e mulatos, é atribuída ao temor de que se repetissem no Brasil as rebeliões de negros e mulatos que, na mesma época, atingiam as Antilhas.

O exemplo destes mártires foi fundamental para futuras insurreições baianas, Inclusive na Revolta dos Malês, em 1835.

domingo, novembro 13, 2011

ONGUETES(Organização Não Governamental das Piriguetes de Salvador

DENUNCIA DA REVISTA VEJA CONTRA ZÉ CORRÓ E TONHA GABIRU

O casal baiano José Corró e Antônia Gabiru fundou uma ONG denominada de ONGUETES e recebeu mais de dois milhões de reais do Ministério do Trabalho para reformar alguns prostibulo de Salvador mais conhecidos como: “O 69” “O 63” “O Maria da Vovó” “O Sayonara”, “Tabaris” e “O Brega de Dona Florzinha” além de convênio com a DASPU no repasse de quinhentos mil reais para produção de novas indumentárias para as profissionais do sexo nos estabelecimentos acima.

As denúncias foram feitas ao nosso repórter Ecaz Gomarca pelas proprietárias de dois dos seis bordéis. As Cafetinas Liang Xaroping e No Emi Axi Biung afirmam que o casal baiano filiado ao partido PPSS (Partido das Profissionais Piriguetes do Sexo de Salvador) recebeu dois milhões e trezentos e cinquenta mil reais do Ministério do Trabalho sem que até hoje houvesse repasse para reforma dos bordéis. Indignadas, fizeram investigação por conta própria descobrindo que todas as proprietárias dos puteiros (bordéis) foram ludibriadas por Sr. José Corró e sua namorada Sra. Antônia Gabiru que sumiram no mundo (como se diz em baianês: deram ninja, se picaram, abriram o gás) com toda a dinheirama.

Ao nosso repórter, Liang Xaroping afirmou que antes fora procurada no seu bordel pelo Sr. Zé Corró que propôs molhar sua mão (baianês: dinheiro por fora, comprar a pessoa) com cinquenta mil reais para que ficasse de bico calado (não denunciar), pois, o dinheiro ele tinha desviado para as Ilhas Cayman. Ela não aceitou por ser cafetina honrada, tendo ele replicado em tom de galhofa (gozação) “Ô dona moça, onde já se viu putanheira (cafetina) honrada? Você perdeu seu cabaço (honra) cedinho, não foi não? Ômodeu! Tá tirando onda, é?” Caiu na gargalhada, saiu da mesa, chamou uma das buquês da noite (donas moças profissionais do sexo) que estava na batalha (a procura de alguém para vender seus préstimos) pediu quatro doses de conhaque e dez cervejas pequenas, virou-se para mim, gritou de alto e bom som: “vô biribar, da tapa na cara da pantera (fazer sexo) a noite toda”. Dirigiu-se a um dos quartos do estabelecimento, onde, amanheceu o dia. Ao sair, lhe foi apresentada a conta, perguntou: “Tá me comediando, é?” (Quer me fazer de bobo) e simplesmente na maior cara de pau disse estava dando um birro (sair sem pagar), ou então, que eu fosse cobrar na casa da porra! (casa de ninguém, dê seu jeito) Dete, a pivete, (piriguete) que dormiu com ele também não recebeu o acertado: R$100,00 alegou, que lá ela (a moça) era fraca, muito fraca, não o satisfez, pediu pinico (não aguentou). O senhor precisava ver como a pobrezinha estava toda guenza, estropiada. (mole, quebrada de fazer tanto sexo) Em suma, tomei uma quebrança, (não receber), preju (prejuízo) de R$500,00 inclusos, bebidas e quarto. Sinceramente, estou revoltada, uma mizera (miserável) dessa tem que se lenhar todinho. Disse a lá ele que ia ao meu Pai de Santo fazer um ebó (feitiço) para ele ver o que é bom prá tosse. Ele retrucou: Vá! Tenho o corpo fechado, o que mandar volta dobrado. Me tremi toda meu senhor essa homem tem parte com o demo, (demônio) só pode ser!

Já dona No Emi Axi Biung diz que o Sr. Corró fez a mesma proposta, não aceitando também, no que ele disse: “Não quer a grana não? Vá se fu... prostituta!” Ameacei denuncia-lo ele gritou: “Tá pensando que beiço de jegue é arroz doce?” (acha que é fácil?) Tenho as costas largas (protetor) no Ministério do Trabalho, não vai adiantar nada, “vista sua roupa marrom de canguru e dê seus pulos” (tome providência, o problema é seu). Aí, o meu dengo (o amor, a paixão, o homem que namora cafetina) tomou as dores (tomar a conversa para si de modo hostil) juntamente com o leão de chácara (segurança do prostíbulo) partiram para brigar com o Sr. Zé Corró que não se intimidou e perguntou se era rebucetê (briga) que queríamos? Formou-se um grande arerê, um pega prá capá da zorra (Confusão das grandes) como ele é um exímio capoeirista, caiu fora (foi embora). Nunca mais tivemos notícias dele, nem do dinheiro para reforma. Até a DASPU, a grife do nosso metier ele fez contrato para confecção de roupas para as piriguetes e prontamente cumprido e entregue só que a DASPU não recebeu um vintém.

A Veja, em contato com a polícia foi informada que os telefones do Sr. Corró e Sra. Antônia Gabiru estiveram grampeados por ordem judicial. A seguir, exclusivo, A Veja obteve a conversa deles.


Alô Antonia, prepare o Lorax para não ficar de insônia! Estou nas Ilhas Cayman. Tá rebocado, piripicado, estamos lenhados! Os nossos telefones foram grampeados, estou pasmo e muito retado! Não sou deputado, sou um mero trabalhador de salário minguado. Fique atenta, seremos capa da Revista Veja que assim seja! kkk Aliás, aqui donde estou saiu chamada de capa também na Best Friends revista americana, olha que sacanas!

“CASAL BAIANO FUNDA A ONG DAS PIRIGUETES DO SEXO (ONGUETES) RECEBEM MAIS DE DOIS MILHÕES DE REAIS E SOME!"


-Xiii, Corró, fomos denunciados? Não estava enrustido, na surdina? (escondido, sem ninguém saber) Somente nós e aqueles políticos sabemos que essa grana é para ajudar na campanha?
– É verdade! Mas, duas putanheiras (cafetinas) nos denunciaram, aí lenhou! Elas que me aguardem!
–E Agora?
–É dá o fora e nem olhe para as horas! Elas disseram à Veja que recebemos mais de dois milhões de reais, aí os meus ais! Kkkk E nada fizemos para reformar o 63, o 69, o Maria da Vovó, o Sayonara, “Tabaris” e o Brega da Florzinha, ó meu Deus que horror! Quebramos a grana e não prestamos conta, isso, é o que se conta...
–Ô Zé, o que essas cafetinas querem?
-E eu sei lá! Quero é me picar, o bicho vai pegar! A ONGUETES ia reformar esses bregas decadentes para que? Se eles andam as moscas, agora, fazem tudo na net pela Web Cam?
-A gente que o diga, né meu Zé? A propósito está na hora de comprar outra Cam, aquela caiu no chão.
-Ô Tonha, a situação tá braba e você pensando em Cam?
-Meu nego, é vontade, muita vontade!
-Mesmo nessa idade? Kkkkkk
-Zé, você sabe não sou fácil, deixe de onda!
-Oi, cuidado com os arapongas...
-E tem?
-Tem sim! Eles estão com nosso dossiê, falam de tudo, só não sabem onde estamos e colocamos o dinheiro do convênio da ONGUETES, ô maravilha!
-Zé, eu li a entrevista das duas cafetinas, elas dizem que você tentou suborna-las e uma delas menciona que você passou a noite com uma buque da noite, antes de fugir do Brasil, é verdade?
-Verdade o que Tonha? É onda, não estou tendo nem para o gasto, quanto mais para passar a noite com uma dona moça! Além do que, sou Fiel! kkkk
-Corró, eu lhe conheço! Prá o gasto sei que você não tá tendo mesmo, mas, se toma viagra ou Cialis, sei não...
-Qual é o seu caso, tá me entregando é? E outra coisa, é tudo invenção delas, não tentei subornar ninguém e muito menos ir para cama com nenhuma pivetinha. kkk
-Tá bom, acredito...
-Um daqueles políticos que está no nosso bolso entrou na justiça contra o grampo, mas, o Juiz considerou normal, para ele, o importante é apurar o conteúdo das nossas conversas picantes, e agora? Se na distancia, temos conversas apimentadas, cheias de suspiros e sacanagens, eles gravaram as nossas sussuragem em que gozávamos na maior descaragem, xiii e as suas desmaiagens?
–Oiê... vixe! É melhor que eles me respeitem que sou da alta sociedade e não gosto de vulgaridade!
-Oxente Tonha! Não me iludo, vão investigar a miúdo, estão intrigados por você me chamar de tesudo, taludo e quer desmascarar esse nosso romance pousudo, eles acham que sou do *Pau Miúdo! Antonia, nosso romance virou peça teatral, deu grampos e os escambaus, bem que avisei, esse negócio de sexo por telefone algum dia ia acabar numa fria, você não me ouvia, agora, a Revista Veja em mais uma patifaria nos denuncia a revelia... Uai, minha Santa Maria!
-E sobre a grana, eles não dizem nada?
-Ora, ora... Dirão as estrelas! Kkkkkkk


(*) Pau Miudo – Bairro de Salvador

Dilminha, eu te amo! -Como? O passado, passou? Ô meu Deus do céu!
 
Zé Corró (Em algum lugar do mundo até que a revista Veja denuncie, invente contra outra ONG) kkkkkk

sábado, outubro 22, 2011

DRAGÃO

Dragão

Ah, tá rebocado, tu tens um olhar de mandinga
Recamado de luas cheias me afogo, te consagro.
Ai amor! Fogo, fogaréu, em anseios, minha linda
Viro dragão, lanço fogo, nas chamas te conflagro...

E no teu corpo cor da noite, estrela estonteante
Vênus bela, abóbada celeste, encarnação de luz
Cintura de veludo, o teu colo, volúpias rutilante
Que ateiam a flama libertina soldando os azuis...

Framboesa aromal, os teus lábios aconchegados
São labaredas afetuosas nas delícias tão desejosas.
Tu me enches do tudo nos teus sóis de orgasmos,
Ah, flutuo na tua boca orvalhada de carmim rosa...

Os teus seios são dois asteróides a saltar rijos,
Pontiagudos sob a tua blusa em céus aguçados
De plenos desejos, onde, me levas aos delírios,
Valha-me Deus! Arquejo louco, deslumbrado...

As pernas lisas alucinam o balanço do teu andar,
Divina, tu arrebatas e os anseios aqui perduram,
Apossam-se dessas noites em que faz o sol sonhar,
Oh flor! Nos quebros da tua cintura toda luxúria...

Na nudez essencial deste escrito o fogo é de dragão
Em chamas. Por ti, ando mundo, é teu este poema
Florido de girassóis lascivos extraídos do coração
Como o sol seguindo o perfume da tua alfazema...

Na essência da perfeição é a tua voz de sussurros
Cadenciando o infindo nos lençóis, cobiço do luar.
Assim, desce a noite, os astros, a aurora e os urros
Fia, tu és coisa de querer, sentir. Não de imaginar...

O Sibarita

segunda-feira, outubro 17, 2011

Oráculo de Delfos

Oráculo de Delfos


Sim! A lona levantada, o amor geme, engana
E das coxias do picadeiro acenderam o pavio,
Exposto numa jaula eu expio a culpa. É trama.
Ah, fui julgado! Já morri. Já pensou? Partiu...

Como um cristal barato atiçado, espatifado!
Já, meu bem, já me parece, gema na neblina,
O ouro afunda no lodo, avantesma torturado
Busco alívio, não o descubro, deliro. Defina...

Que outrora o amor, o sonho, o sol barroco
Por dentro e pelo avesso gerava pérola fina
Mas, agora, no circo virou santo do pau ôco
Sob a lona rota de um céu sem adrenalina...

Á sombra da lira. Nas mãos da morte expiro
Na ruptura que tu geras, redimes e lumeias
Quando ora se afasta, ora vem pelo suspiro,
Pela morte, pelo o amor que já não semeias...

Fragmentos? Vibrai os sinos da tua consciência
Que palpitam o amor já que o coração é néscio
Em ti mesma, não revela, não tem indulgência
Deixo a interpretação deste oráculo de Delfos...

Para ti. No aprendizado, solta no céu soturno
Chores saudades, penas do amor que a consome
Arfando no trapézio de um circo... E, sem rumo,
Oh meu bem! Agora bem, silêncio é o meu nome!

Mas, toda vestida de sol, talhada na perfeição
É, meu bem, por onde me vês? Sobrevoas ao léu
Asas grandes de águias para voar na abstração.
-Perdoe-me o queixume de ocultar os teus véus...


O Sibarita

sexta-feira, outubro 07, 2011

JÔNIA

Jônia

Que em vós amor flameje a pureza dos versos, o amar.
Veja-me nos vossos olhos na clareza que a luz assume
Da cobiça, da brisa, dos luares, do incenso de almíscar,
Tão indefiníveis na harmonia do querer e do perfume...

Sutil e suave, mórbido, radiante e o meu coração a mil
Nos arcanos das estrofes com as labaredas emanadas:
Ânsias, vibrações, alentos, desejos, tempo a fio
Destas horas do ocaso, acanhadas/extremadas...

Clamando as rochas, ao mundo pecador, lua nova
Laços, ósculos, salmos e cânticos serenos de vós
Com estrelas vestindo o céu de primaveras, rosas
E bálsamos, ó glorioso Santo Antônio rogai por nós...

Fecundando/inflamando os versos claros, ardentes,
Intensos na essência que o vosso íntimo tão casto
Seja fertilizado, desejo de mulher, luas crescentes
Delicadezas, estátua de Jônia, diva dos alabastros...

Esculpida com a chama ideal de todos os meus desejos,
Original de santa e virgem pudica, piriguete e felina
Despudorada em róseas e áureas correntezas dos arquejos
Réquiem do sol nas vossas fantasias tão claras, cristalinas...

O Sibarita

segunda-feira, setembro 19, 2011

Mizerê

 
Mizerê

Lá ela deu ninja, se picou, arrepiou sem nenhum céu azul
Tá! Fiz um ebó com o nome dela coloquei na encruzilhada
Imerso no azeite de dendê e mel, agora é com lá ela e Exú
E eu com isso? No deboche, a cabrocha é pura presepada...

O que foi lá se foi. Ômodeu! Assim, um desague retado
Se fica: o bicho pega. Se corre: o bicho come. É, aonde!
Tô fora... Sorvo a noite gota a gota deste céu embuçado
Que arfa sobre os versos, onde, o teu olhar se esconde...

Ô mizerê da zorra! Sem ti, ao meu lado, esse frio danado,
Manda-me alguma coisa que eu sinta o teu calor, no vício,
Uma lua despudorada entregar-te-á meu coração avionado
E no entorno estará o desejo na beirada do teu precipício...

Vixe! Tu embrenhas-te nas entranhas do meu pensamento,
Flagrante delito, de unhas dentes me tranco do teu enceno,
Indagorinha, senti o despenhadeiro do teu olhar sem alento,
É beco sem saída! Estou precisando de um contraveneno...

Ô piriguete, ajoelhou tem que rezar, agora é fazer seu alalaê
Subir a ladeira do Bonfim de joelhos cumprindo os designíos
E com um balaio de pipocas na cabeça chame por Obaluaê
Atotô! Ômopai, será coisa feita, praga ou a força do destino?

Que gastura! Joguei os búzios e o teu nome na boca do sapo
Xiiii... Melhor tomar banho de folhas com quitoco, o resíduo
Faça um despacho na mata virgem, ajoelhada, ore aos astros
Clamando a Omolú, o guardião divino dos espíritos caídos...

Ô Nanã, desata esse nó!

Zé Corró (rimou kkk)

Baianês:

Lá ela deu ninja – Ela foi embora.
Se picou – Se foi.
Arrepiou sem nenhum céu azul – Se aborreceu num dia ruim.
Ebó – Feitiço.
Exú – Orixá dono, guardião das encruzilhadas.
No deboche – Na sacanagem.
Cabrocha – Mulher gostosa
Presepada – Confusão.
Ômodeu – Ô meu Deus.
Retado – Muito zangado.
Aonde – Qual é.
Ô mizerê da zorra – Acabamento retado, briga.
No vício – Vontade muito grande de fazer amor.
Avionado – Muito apaixonado.
Vixe – É assim.
Entranhas – Dentro.
Indagorinha – Foi agora.
Beco sem saída – Sem opção, esparro.
Piriguete – Mulher sem compromisso, mulher galinha.
Alalaê - Espantar para longe uma coisa maldita, má notícia.
Designíos – Pagar os pecados, as promessas.
Balaio de pipocas na cabeça – No dia de Omolú na Bahia quem é do Candomblé sai com um balaio de pipocas pelas ruas dando pipocas, cumprindo o ritual e promessa.
Obaluaê – Orixá, o mais moço, é guerreiro, caçador, lutador. Mais velho é Omolú.
Atotô – Saudação ao Orixá Obaluaê/Omolú.
Ômopai – Ô meu pai.
Será coisa feita – Será feitiço.
Que gastura – Que agonia.
Na boca do sapo – Diz-se quando se faz um ebó (Feitiço) e coloca o nome de alguém.
Banho de folha – Banho de descarrego para se sentir mais leve, tira o mau olhado e inveja.
Quitoco – Folha para banho associada ao Orixá Omolú.
Resíduo – Depois do banho sobram as folhas.
Despacho – Ai no caso é levar as folhas depois do banhoe colocar num mato virgem.
Ore aos astros – Ore aos Orixás.
Omolú – O Orixá mais velho, é o sábio, o feiticeiro, o guardião.
Nanã – Orixá mãe de Obaluaê/Omolú.

sexta-feira, setembro 09, 2011

Reminiscências

Reminiscências

Relíquia, o amor que te rasteja se revela nos teus avessos e fala
Destas ondas crespas, é que o teu seio, não se banha no razoável,
Entretanto, a felicidade inconsciente no escuro do tempo detalha,
No meu peito ressoam versos, joguetes de paixão incontrolável...

Sobre as estações nuviosas em que a aragem decifra toda luz.
Estranho esse tempo, as nossas mãos inertes em vultos tardos
E aqui as velas no mar de Jauá abertas sob as estrelas nos uis,
É noite e oscila em vagas crespas e os ais boiando congelados...

Mas, não sei! As chamas assim são frias e se existem deuses
Valha-me Deus! Os uis e ais descerão ao mar como cardumes
Arrastados pelas correntes das águas colossais dos quereres
O céu azul beija e banha, o amor se acende nos teus lumes...

Entre os suspiros e gemidos vestidos de hálitos quentes de vulcão
Nada se fará de rogado, algo tem que ser sentido... Tu hás de vir!
As estrelas estão pendulando na abóboda e cintilam na erupção,
Rolam, brincam no meu leito libertinamente num amor sem fim...

Trago as chamas para o teu coração ermo em que o amor chora,
Ô moça desligue a razão que as rosas despertam castas e frescas
Sorrindo entre os espinhos e as folhagens na claridade da aurora
Sob o sol dos meus olhos em tua estação ébria de luas tão vesgas...

Do céu roxo descem no azul do tempo retalhos, reminiscências
Escorrendo por entre os escombros no anti-horário dos relógios
E de rastros sonâmbulos tiquetaqueando o rumo da tua ausência
Chumbo, insones versos frescos afogados no perau de teus olhos...

...O meu coração é saudade, mal consegue manter os pés no chão.

O Sibarita

sábado, julho 16, 2011

Carta Poema

Carta Poema

Duquesa, não escrevo em vão esta carta poema
Em resposta, teu rosto realça o pôster deste pergaminho
O teu sorriso de inverno engolindo o outono, encena
Metamorfoseando querelas de mil faces em desalinhos...

Se achas esta missiva amorosa, faz-se, então, o se não!
O sentimento, o coração, moveis mofo da balzaquiana.
Toda carta postal enviada por ti aflora na exasperação
Flores assim, murchas, que atiças, sem auras ou flama...

Eu sei, tentas segregar a caixa postal deste missivista
Sortilégio irrealizável... Oh, plumas no baile dos ventos!
Não te olho, não te sinto, não te rogo... E venutista,
Levanto o vôo dos pássaros sagrados, no silencio,
Resguardo as minhas asas da tua lamina arrivista...

Não escrevo em vão esta carta poema, jamais!
Quando tu a destinatária faz-se musa da farsa
Tentando apossar-se de mim cada vez mais e mais!
O missivista desta carta poema conversa com as estrelas
E moscas afogadas no tempo zumbem pela madrugada...

Mas, não te assustes com o abstrato desta missiva,
Onde não há caminho algum, o concreto vira cizânia
A farsa cintila, solta, flui e flameja, foge, não realiza
Deixa vestígios e no então eu o remetente pede vênia!

O Sibarita

segunda-feira, abril 25, 2011

CONFESSIONAL

Confessional

Acende as tuas luas ó noites de primaveras,
Pela fome e pela sede a luz do olhar amado
É cumplicidade dos desejos. Ai quem dera
Anjos-aurora e querubins pelo céu sonhado...

É que no deserto vagueiam as horas tortas,
Não sei como e nem sei com qual achaque
Mas, construo as palavras em letras mortas
Na tática de ter-te aqui... O coração tic-tac...

Pendulando no espaço de sombra e luz
No sentido anti-horário do gume afiado
Em ardores de chamas que a noite seduz,
Fogo aberto de um céu de pedra e ácido...

Toda paixão se oferece ao espanto ditoso
Assim, a noite desencarna do dia espesso,
A luz dos versos cobiça o teu seio amoroso
Pulsando, assim, por dentro e pelo avesso...

Pelo bem-aventurado do íntimo infinito
De ponta a ponta no querer eu me atiço
Do amor que principia o dulçor bendito
Porque és: a celeste, o inferno, o feitiço...

O Sibarita

quarta-feira, abril 13, 2011

AÇUCENA

Açucena

O tempo, sem tempo, é tempo vencido.
Se fogo tu és, a afeição é cura e procura
O ardor em teu coração, assim, escondido.
- Desejos íntimos, incandescentes juras...

Anjo meu, a lua da lua é a essência do luar,
Nas tuas chamas mandastes a luz toda nua,
Logo o céu total e ciumento veio se banhar.
-Beijos cruzados caindo na diagonal da lua...

A lua emergindo no teu crescente é rogação
Dos pensamentos girando a cobiça na cena
Em mim, um filme de mil e uma tentação...

Que do centro do teu ser os desejos inflamam
Fogosos, famintos. Céus de quereres! Açucena,
O amor é fogo, tem por origem as tuas chamas...

O Sibarita
agosto/2010

segunda-feira, março 28, 2011

Alô Caetano, é para você!

Caro Leitor, a pedidos, coloco este texto aqui sobre o racismo da Mayara Petruso contra os nordestinos, em especial, a nós baianos. Originalmente postado no "O tró-ló-ló"(http://otrololo.blogspot.com) após eleição da Dilma, tal foi o sucesso, que foi reproduzido em outros diversos blogs. Espero que todos leia e se divirtam.

Alô meu Santo Amaro da Purificação, alô mano Caetano! Cadê você? Oi, não ouvi uma palavrinha sua sobre a Mayara Petruso, você não se ofendeu, se escafedeu, foi? Ômôdeu! –Como? Você não é mais baiano não, é? Desabaianou de vez? Xiiii... -Agora sou samparioca, mistura de paulista e carioca! É só Av. São João e Leblon, oi que bom! –Oxente Caetano! E o Porto da Barra e o Rio Subaé meu rei, esqueceu? Como é que pode? Valha-me Cristo! Não me responda nada não, viu?

Raapazzz, nem na sua coluna de domingo no Jornal ATARDE não tinha uma linhazinha se quer, nada de nadica sobre o preconceito e o racismo da Mayara Petruso aos nordestinos e em especial a nós baianos? Zorra! Você lenhou foi com o meu domingo, piripicado, nem vontade de comer água eu tive, passei o domingo maus! Acredita? –Nada dessa cica de palavra triste em minha boca... –Sei... Outras palavras? Ah bom...

Mas, a minha nega me deu um alento disse que você iria na segunda fazer o Música Falada do Fernando Guerreiro no Teatro Castro Alves, sabe o que fiz? Saí de Jauá, sol a pino, divino e maravilhoso, só você vendo! Me piquei, peguei um buzu para o Campo Grande tão cheio que parecia lata de sardinha todo mundo apertadinho com muitos farofeiros voltando da praia em água dura no maior samba de arranca rabo, imagine a fulerage dentro do buzu? As mulheres tudinhas com um espanta nigrinha da porra, mais enfeitadas do que jegue na festa do Bonfim, eu nem ai...  

Eu queria mesmo era chegar às bilheteirinhas do Teatro Castro Alves e comprar o meu ingresso, tinha certeza que você ia botar prá “F” ao vivo no meio do seu povo. Oi que sacanagem? Não tinha mais ingressos, fiquei “P” da vida, aproveitando que já estava lá mesmo fui chorar no pé do Cabloco por perder essa oportunidade. Aí me informaram que a WEB TV da Rádio Metrópole ia transmitir ao vivo, foi só alegria... Ô beleza!

Na segunda, dia do Música Falada nem fui para o trampo, não ia arriscar chegar atrasado em casa e perder o seu show. (Você sabe, o engarrafamento na linha verde tá de lenhar e de buzú então...) Cedinho fui ao Terreiro de mãe Teca de Oxossi para ela me rezar de mal olhado, sabe como é, eu dando um azar retado para ouvir ou ler alguma coisa sua sobre a Mayara e cadê? Então, acho que tava de mau olhado, melhor prevenir, é ou não é? Sabe o que o Orixá me disse Caetano? -Meu fio, tire o seu cavalinho da chuva, esse pote ai já secou faz é tempo, se nem o Santo dele ele está zelando, imagine o resto... –Xiiii... e é? Ô meu Deus! O que vou fazer da minha vida sem uma palavrinha sua? Vai, me diz Cae! Sai foi acabrunhado, pedindo pinico e agora? Ainda assim comprei um engradado de cerva, dois garrafas de poca ôio (é com cachaça de Santo Amaro, da boa, né não?) e encomendei o tira-gosto para a noite: agulhinhas fritas, abarás e acarajés, tudo isso para ficar numa nice assistindo ao Música Falada. Até chegar a hora fui tomando umas cotreiazinhas que ninguém é de ferro! E fazendo fé para que o Orixá tivesse se enganado mesmo sabendo que isso jamais ocorrerá, mas...

Alegria, alegria! Chegou a hora e eu colado no PC. As cervas, véus de noiva, convidativas e você Caetano ali do outro lado da tela, voz e violão, pura emoção, em outras palavras, estampa fina mesmo! Atô tô meu pai, Babaluaê! Pego mais uma geladinha e você começa falando, cantando tão impávido que nem um índio.

O tempo passa, você fala de tudo, como surgiu Os Doces Bárbaros, sobre a censura sofrida na sua música “Negror dos Tempos” feita para Betânia e até canta, fala também da ditadura, encanta a platéia com a música “Enquanto seu Lobo não Vem”, que porreta! Fala da Tropicália, revela que foi você quem colocou o nome e fez o diálogo na contra capa do disco, superbacana! E nisso, eu impaciente continuava tomando goro na esperança que a partir dali você organizasse o movimento, metesse bronca contra os chapadões do sul do pais, sobre as nossas cabeças os petardos racistas da Mayara Petruso.

E aí? Você em vez de botar para lenhar na Mayara, bota para “F” em cima de nós baianos lulistas, é assim, é fio? Suas palavras: “Os baianos lulistas devem tomar cuidado com o governante que fala um linguajar popular. Pode estar nascendo um novo fascismo. Eu me orgulho de ser baiano, mas não me engano com o governo Lula”. A platéia alienada veio abaixo aplaudindo. Panis et Circenses! Ou, só tinha Serristas, confesse! Crendeuspai...

Como pode você dizer que com Lula tá nascendo o novo fascismo só porque ele fala a linguagem do povo? Diga-me uma coisa: Se Lula é da esquerda e o fascismo vem da direita como pode ser isso ai? A não ser que o Lula dê a guinada que o Mussolini deu ao sair do socialismo do qual era um grande defensor foi para a direita onde fundou o Partido Fascista apoiado pela burguesia e pela igreja, acho que ficaria melhor com o Serra, é ou não é? Serra não tem a línguagem popular porque do povo quer distância, o perfil e a caminhada dele é igual ao de Mussolini. Ele saiu da esquerda para se alinhar ao pior que existe da direita no Brasil, quem o apoiou? A burguesia e a igreja, como diz o compade Gil, arrepare...

Ô seu Caetano, tá rebocado, piripicado tô que tô com você fio! Oi, votei no Lula, votei na Dilma, falo e escrevo no popular, em baianês e por isso sou fascista? Sou não, viu? Sou sim, um baiano boca de zero nove, madeira de dar em doido, nó cego e num tô comeno esse alface seu não! Oi, saiba que no senado que existe nas escadarias da Igreja de Nossa Senhora da Purificação em Santo Amaro, encontro dos biriteiros e faladores da vida alheia, (se lembra ainda? Aiaiai...) os comentários eram sobre sua declaração, tá todo mundo muito retado com você! Eles, os freqüentadores, só entendem da linguagem popular, embora, o reverencie como o conterrâneo maior não entendem muito do que você escreve na sua coluna domingueira para O Globo e A TARDE, o seu linguajar é muito rebuscado, intelectualizado para eles pobres mortais... E ai?

Colé de mermo mano Cae? Você bateu fofo nessa declaração, um acorde dissonante por entre milhares de mortais falantes populares! Meu bródi, se você chegar a ler este texto cheio de erros, misto de popular e baianês, desculpe, pelo palavreado, viu? É que fiquei, estou numa pindaíba da porra, batendo biela! Meu Senhor do Bonfim é melhor eu ir dançar para meu corpo ficar odara do que me retar com você Caetano e quem é lá eu?

-E eu sei lá quem é você escrevedor de meia tigela? Quero mais que você vá para o inferno!

–Ô, é? Xiii... retou-se, foi fio?

-E outra coisa seu analfabeto, não entendo nada desse tal de baianês, entendo sim de paulistês e  carioquês.

-Tá certo seu Caetano, sou anarfarbeto, mas, o senhor não saber o baianês? Onde fui amarrar meu burrinho minha Nossa Senhora da Purificação!

-Mano, você quer aparecer as minhas custas, eu tenho milhões de discos vendidos, você tem o que?

-Hein? O Que? Eu, eu... Seu Caetano, o senhor jogou pesado, é verdade nem eu mesmo sei o que tenho, aliás... Ô Tonha, o Cae tá dizendo que tem milhões de discos vendidos e pergunta o que tenho e ai? Oxém mulher! Você quer me lenhar de uma vez só, é? Se eu disser isso, sei não viu...

-Pode dizer...

-Digo não seu Caetano, a Tonha é doida varrida, deixa isso para lá!

-Ah bom!

Caetano é assim que você é minha corrente querendo ver a minha caveira? Ta viajando na maionese, é? Ô maluco, saia da meia lua inteira que você é bróder! Se plante, tá ligado? Cê se lembra do baianês ainda? Não se lembra não? -Já disse que não! -Não acredito! Ô meu Deus do céu que vexame retado do Cae! Oi, então, vou colocar abaixo a tradução para você entender tudinho, viu? Tá vendo ai que sou gente boa! Ah, vou lhe dar é um ninja... você não quer caminhar a favor do vento com lenço e documento num sol de quase dezembro, imagine o porto da barra? Sabe de uma? Tô todo enfastiado com sua declaração! Enquanto você toma uma coca-cola a Mayara não pensa em casamento, arregaça com os nordestinos, isso lhe consola?

-Assim tá bom, né meu nego? Como?

-Porquê não, porquê não, porquê não... Ô meu, vá procurar seu bloco, você não passa de um otário!

-Que Cae é esse meu Senhor do Bonfim? Ô mizera! Eu, otário, é? Vixeee... me lenhou todo! Caetano, diga isso de lá eu não! Oi tenho a coleção dos seus discos, vou enviar para você autografar, e ai?

-Nem vou lhe responder, deve ser tudo pirata, se enviar dou queixa crime contra você, me deixe em paz!

-Meu Deus! Cae, esqueça, não está aqui mais quem pediu autógrafo, não sei se são piratas, agora, que comprei no Paraguai, comprei sim! Fuiiiiiiiiiiiiiiiii....
 
 
-E a Mayara Petruso?
-É queixão, continua mangando de nós!
-Ô, é? Meu Deus! E o Caetano...
-Depois de ler esse texto se entender o baianês vai ficar de calundu.
-Xiiii...
-Meu rapá, ele vai jogar as cajás em você!
-Valha-me Cristo! Será?
-Né não, é? Não feche sua cara não, fique ai!
-Ôxe! Sacanagem...
-Ora, se... Você com essa cara de Exu...
-Oxente, lá ele, viu?
-Vou é pegar a pista!
-Vai? Eu também vou me picar, fuiiii... Ô Cae, se rete não, sou seu fã e a Tonha também, viu? Vou mandar

Zé Corró
Escrevedor popular.
Me tenha piedade my bródi Caetano!

Tradução do Baianês

Escafedeu – Sumiu.
Ômôdeu – Oh, meu Deus.
Desabaianar – Deixar os costumes e linguajar baiano.
Oxente – Incrédulo.
Rio Subaé – Rio que corre dentro de Santo Amaro da Purificação.
Raapazzz – Moço.
Lenhou – Acabou.
Piripicado – Acredite.
Comer água – Beber muita bebida alcoólica.
Maus – Ruim.
Minha nega – Minha mulher.
Jauá – Praia que fica no litoral norte de Salvador.
Sol a pino – Sol muito quente.
Me piquei – Saí.
Buzú – Ônibus.
Campo Grande – Praça onde fica o Teatro Castro Alves e Cablocos.
Farofeiro – Pessoas que vão para a praia levando farofa.
Água dura – Bebendo muito bebida alcoólica.
Samba de arranca rabo – Samba num espaço muito pequeno ou dentro do ônibus.
Fulerage – Sacangem.
Botar para “F” – Botar para fuder.
Ficar “P” – Ficar puto, retado.
Chorar no pé do Cabloco – Lamentação.
Música Falada – Show que o cantor responde a várias perguntas e fala da sua trajetória.
Trampo – Trabalho.
De lenhar – De acabar.
Bodega – Barzinho.
Cumadi – Comadre.
Cerva – Cerveja.
Poca ôio – Bebida de infusão feita com cachaça e folhas. Muito forte.
Numa nice – Numa boa.
Tomando umas cotreiazinhas – Bebendo aos pouco bebida alcoólica.
Véu de noiva – Cervejas no ponto para beber.
Atô to meu Pai, Babaluaê – Saudação ao Orixá Ogum.
Geladinha – Cerveja gelada.
Tomando goró – Tomando cachaça.
Meter bronca - Botar para lenhar.
Crendeuspai – Esconjurando.
Arrepare – Veja, observe.
Tá rebocado – Faça fé, acredite.
Tô que to – Estou puto.
Fio – Filho.
Boca de zero nove – Pessoa que não se deixa enrolar, destemida.
Madeira de dar em doido – Pessoa de briga.
Nó cego – Pessoa que joga duro, difícil de ser convencida.
Num tô comeno esse alface – Não acredito em nada do que disse.
Senado ou parlamento de Santo Amaro da Purificação – Nas escadarias da Igreja Nossa Senhora da Purificação todos os dias pessoas se juntam para falar de tudo.
Colé de merrmo – Qual é mesmo.
Bateu fofo – Se enrolou.
Meu bródi – Meu irmão.
Pindaíba da porra – Acabado.
Ô maluco sai da lua que tu é bróder – Deixa de ser lunático meu irmão.
Cê ta ligado que é minha corrente – Você fique certo que é meu amigo.
Né véi – Não é meu velho?
Dar um ninja – Ir embora, sair de fininho.
Se plante, tá ligado? – Fique firme, ta experto?
Tô enfastiado – Estou enjoado.
Queixão – Cara de pau.
Mangando – Rindo, gozando.
Calundu – Cara fechada.
Meu rapá – Meu amigo.
Se retar – Ficar zangado.
Feche sua cara – Não ria.
Ôxe! – Será?
Cara de Exu – Cara feia.
Lá ele – O outro.
Pegar a pista – Ir embora.
Me picar – Ir embora logo.

sábado, março 12, 2011

ENÍGMA

Enigma

Que o amor à forma fecunda os momentos,
A promessa enfeita, rejeita o céu amoroso.
Nesse vago passado e presente vira templo,
Ao coração, a vida cinde o ar seco e poroso...

Nada se explica aos versos polidos no vazio,
Soltos, suspensos em réstia de tempestades
Naquelas enormes nuvens sob um céu frio
Congelando a nossa essência na intensidade...

Assim, corta a razão, a volúpia esvai pelo viés,
E por ti, os versos se perdoam, beijam o chão
Dos teus pés louvando... Tu que me és e não és
Enigma galopado do tédio, paraíso e solidão...

Se é assim que és: nas igrejas e terreiros da Bahia
De joelhos, acendo as velas, oro a Orixás e Santos.
Do amor no teu úbere a candeia é chama tão fria
Aos defuntos desejos dos nossos entretantos...

Para no delírio saborear o mel do rosa da tua boca
E por entre sede, trovoadas e punhais das antíteses
Ser a cobiça dos teus lábios carmim na agonia louca
Do faz de contas das delicias e viajar na maionese...

Na tua penteadeira:
Espelhos temporais
E flores debruadas
Em jarros chineses
Do Paraguai!
Na tua cama:
Nenhum eco
Dos meus uis e aís...

O Sibarita